sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Klondike Hwy - Dawson até Whitehorse






Klondike Hwy

2 de Agosto – dia dos encontros

Às 9 horas, fazia a minha última travessia no Ferry e, ao desembarcar, dou de caras com a Karen. A Karen é uma miúda alemã, com aparência muito jovem, frágil e franzina, que anda há dois anos de mochila às costas pelo mundo. Encontrámo-nos pela primeira vez em Inuvik, à saída da biblioteca e trocámos aí as primeiras palavras enquanto esperávamos que parasse de chover. Três dias depois, ao chegar a Eagle Plains, lá estava ela de novo com um sorriso aberto na face. Ia à boleia para Dawson com um camionista. Quatro dias depois, entrava eu no ferry em Dawson e havia apenas um passageiro: era ela. Ia a caminho da pousada de juventude, situada “do outro lado do rio”, junto ao parque de campismo, onde tem início a “Top of the world Hwy”.
Hoje, às 9 horas, ia de novo para o Ferry à procura de apanhar boleia para Tok, no Alasca.
O vento soprava de noroeste e como eu pedalava para sudeste, estava mesmo de feição. Assim, os kms passavam a correr. Ainda bem, pois a paisagem não tem nada de interessante: montes de média dimensão de um lado e outro da estrada, com pinheiros semi-raquíticos e pouco mais.
Tinha cerca de 25 kms feitos e pára um carro ao meu lado. Era o Mike, o inglês de Fort McPherson. Tinha regressado de Inuvik e agora ia com um gajo à boleia, não sei bem para onde. Saiu do carro e estendeu-me um saco dizendo: chicken! chicken! enquanto desatava a falar e a fazer-me perguntas sobre a viagem. Aceitei a chicken mais por delicadeza, pois ainda estava composto do pequeno-almoço. Mas a verdade é da chicken já só restavam a pele e ossos…devolvi-lhe o resto e ofereceu-me sumo de laranja, da garrafa para aí de dois litros. Esse sim, soube-me bem e dei-lhe um bom trago… Mais umas conversas, trocas de mail e lá foi desejando-me boa-sorte…
Fui galgando kms a boa velocidade. A estrada é praticamente plana e o vento é favorável…
O mapa de que disponho não é muito detalhado. Melhor, sobre a estrada, o detalhe é mais que suficiente, pois só há uma estrada!! Mas sobre campismo e pernoita é que não tenho nada. Pelas minhas contas, deve haver um parque de campismo 150 depois de Dawson. Surge a sinalização indicando uma área de repouso e decido parar para enfiar umas calorias. Enquanto olhava as Ogilvie (?) mountains ao longe, surge um velhote que mete conversa. Afinal, também ele é aficionado da bike e já fez Portugal, Espanha e França , nos anos 70!! Bom, o homem não parava de falar e tive de fazer uma vénia e pôr-me a andar. O certo é que até me esqueci de comer…
Como não surgia um local decente, uma sombra, pois o sol apertava, tive de improvisar. Encostar a bicla a um arbusto e comer. Como sempre acontece, depois de servidos não faltam colheres! Dois ou três kms adiante lá estava assinalada mais uma zona de descanso: gravel lake. Mas a parte chata da coisa é que a mesma placa que anunciava a dita zona de repouso, também dizia que a próxima era a …83 kms! Ora pelas minhas contas de cabeça, isto significava que o parque de campismo não deveria distar muito desses mesmos 83 kms! E o pior é que a água já era só cerca de ½ litro.
Mas hoje era o dia dos encontros e quanto tinha 131 kms nas pernas, uma auto-caravana abranda. Adivinhei logo quem era. Os meus conhecidos Beat e Ester, casal de suíços com quem me cruzei pela primeira vez no rock river campground, tendo pernoitado nos mesmos sítios diversas vezes desde então. Perguntei-lhes se não me arranjavam água e claro que acederam. Enchi a garrafa de litro e fiquei safo para os kms que faltassem.
Foi um dia longo, até ao parque de campismo de Moose Creek: 159 kms, à média de 20,4 kms/h. Banho de água fria no rio (mais um parque sem chuveiro) seguido da jantarada do costume…cheira-me que vai ser uma noite bem dormida…


3 de Agosto, urso!
Constatei que só tinha duas fatias de pão para o pequeno-almoço. Bem, não é problemático, pois reforço com uma barra energética e são logo mais 200 calorias…
Hoje não há vento, a estrada é em carrossel, sempre em sobe e desce, ainda que não acentuadas. Certo é que, seja pelo relevo ou pela fadiga da longa jornada de ontem, hoje custa-me progredir e os kms passam mais devagar.
Tinha expectativas que o próximo ponto no mapa – Stewart Crossing – fosse uma povoação pequena mas onde pudesse reforçar mantimentos, nomeadamente pão. Mas não. É apenas uma bomba de gasolina, com uma mini-mini-mercearia e um restaurante próximo. E nessa pseudo-mercearia nada parecido com pão estava para venda. Contentei-me com um Gatorade…
Para já não havia problema. A questão é se os pontos seguintes do mapa seriam semelhantes a este. Na Dempster Hwy estava avisado para as dificuldades de abastecer água e comida, mas não aqui, na menos remota Klondike Hwy. Bem, restava pedalar e esperar que em Pelly Crossing, o próximo ponto no mapa, onde acamparia, pudesse abastecer-me.
Na verdade a paisagem é totalmente desinteressante, pelo que me limitava a pedalar e arranjar uns passatempos de circunstância para distrair… E foi nesse estado de alheamento que um ruído à direita me despertou e conduziu o olhar. Na linha da floresta, a dez metros da estrada (existe de cada lado da estrada cerca de dez metros desmatados), o meu olhar fixa-se noutro olhar. Um olhar fixo e calmo. Era um urso preto, com tons levemente acastanhados, erguido em pose contemplativa. Parecia pequeno, embora seja difícil precisar, pois boa parte estada submerso na vegetação e eu só vi das patas dianteiras para cima. Claro que parei imediatamente, mesmo à frente dele e saquei a máquina fotográfica, mas já estão mesmo a ver, não é? O gajo não me atacou, pelo contrário, baixou-se, virou costas e desapareceu totalmente na vegetação densa. Foi o momento mais feliz do dia e um dos mais marcantes até hoje, mas também de maior frustração. Não podia acreditar! Depois de mais de 730 kms na Dempster, a terra deles, nem um ursinho de peluche que fosse, e agora, quando já tinha desistido de os procurar, aparece-me um oferecido em bandeja, mas não deixa registá-lo! Bem, tão depressa não se me apagará da memória aquela cabeça, aquele olhar tão meigo, tão tranquilo. Segui até Pelly Crossing com a imagem na cabeça e um sorriso nos lábios e lá apareceu a descida para o Pelly river, avistando-se uma dúzia de casas que compõem a povoação. O parque de campismo é à direita depois da ponte e do outro lado fica o edifício mais desejado: uma mercearia decente, os chuveiros e a lavandaria. Já reforcei a dispensa e estou pronto para o que der e vier até Whitehorse!

4 de Agosto – um dia difícil sem estórias para contar
O objectivo era chegar e pernoitar em Carmacks. Pelas minhas contas - sim, porque o mapa não responde a todas as perguntas – seria necessário pedalar 107 kms, o que não era impossível. Antes de partir precisava de comprar água (podendo, não voltarei a iniciar uma jornada sem o reservatório de água no máximo) mas tive de esperar pelas 9h em ponto, horário de abertura da mercearia.
Os primeiros 10 kms foram a subir mas as reservas estão todas no máximo, pelo que não foi difícil. Os vinte seguintes foram planos ou mesmo a descer, passando num abrir e fechar de olhos. Quer dizer, a malta que só senta o rabo no popó, não julgue que fazer vinte kms de bicla não tem sempre a sua dose de emoção. Mas enfim, tudo ok. A partir daqui é que a porca torce o rabo. Naquela recta onde aparece a sinalização de um parque de campismo encerrado, o vento levantou-se, olhou-me de frente ou ligeiramente de esguelha, sem temor nem piedade, e não mais me abandonou.
Aos 55 kms parei para almoçar. Estava a dobrar o meio da jornada e havia que repor stocks de calorias e ânimo. Havia um acesso discreto, floresta dentro, e aproveitei. Pode parecer patranha, mas não é nada fácil aceder a um local simpático e apropriado para almoçar. Um local onde possa arranjar uma sombra (tem estado calor), onde possa encostar a bicicleta (não esquecer que são 55 kg a equilibrar), com um piso macio onde estender os ossos e sentar o doloroso. Isto porque a estrada é separada da floresta, que invariavelmente a ladeia, por uma valeta para aí com dez metros, rebaixada, de forte declive e piso arenoso, onde as rodas se enterram.
Mas hoje consegui um sítio fixe. Por acaso essa serventia até tinha uma cerca tipo alentejana, onde encostei a burra..
Coincidência de um raio. Depois de encontrar o local perfeito para o repasto e o repouso, um lugarzinho com piso de musgo e uns troncos de árvore caídos que faziam de encosto na perfeição, oiço um camião a reduzir sucessivamente as mudanças. Antes de o ver já sabia que vinha para o mesmo sítio que eu. E assim foi. Parou mesmo ao meu lado e saltou lá de cima um tipo novo, barba um pouco mais pequena que a minha e um ar simpático. Cumprimentámo-nos com o já habitual “How is the day?” Perguntei-lhe se ia passar com o camião, pois dirigia-se para o portão. Assim era e lá interrompi o almoço para afastar a burra.
Entretanto a estrela solar já tinha descoberto o meu local de repasto e repouso e apontou para lá todas as baterias. Bem, tive de encontrar uma alternativa mas nada que se comparasse…
Estava a meio da jornada e era 1 hora. Tinha tempo de sobra mas receava o vento que ouvia zunir continuamente nas copas das árvores. Ainda equacionei uma sesta, mas decidi prosseguir.
Os kms seguintes foram duros e de (ou por isso) pouco encanto. As descidas, quando as havia – e não eram muitas – desapareciam sob a força do vento que, por mais curvas que a estrada desse, estava sempre de trombas comigo.
E foi assim praticamente até Carmacks. Vale a pena recordar que pouco antes de five fingers rapids, parei num parque de campismo, mesmo junto a um dos inúmeros rios e ribeiros que por aqui correm. Parece que é zona típica de desova do salmão, que sobem desde o golfo do Alasca.
Atestei com água fresca do rio, enfie as últimas barras e fiz-me à vida, que é como quem diz: à estrada. O parque era muito acolhedor e bem situado, mas queria chegar a Carmaks… Os 7 kms seguintes forma tramados: sempre a subir. O miradouro de five fingers rapids tem uma vista bonita sobre o rio Yukon e vale a pena parar para uma fotografia.
Depois foi quase sempre a descer até ao parque de campismo Coal Mine, pouco antes de Carmacks.
Estava um sol forte às 5 horas, quando cheguei, e o hambúrguer com batatas fritas, que valia a pena ter fotografado, pois descrevê-las é impossível, e uma bebida gelada com um sabor esquisito, trouxeram-me de volta!!


5 de Agosto, os lagos
Hoje foi a minha maior madrugada: às 7h15 já estava a pedalar. Tinha esperança que o vento acordasse mais tarde e assim ganhar-lhe alguma vantagem…mas também é melhor pedalar pelo fresco da manhã, para alem da própria luz ser mais cristalina.
Procuro sempre pedalar devagar e sem esforço nos primeiros dez kms do dia. É tipo aquecimento…O céu está de veras bonito, azul intenso, com algumas nuvens esbranquiçadas de formas e aparentes texturas diversas. Surge o primeiro lago e a primeira fotografia…Para já não há sinal do inimigo…deve dormir.
Na primeira “rest area”, parei. Logo apareceu um casal de “americanos” de Massachusetts. Na verdade a Bárbara nasceu na Alemanha e o Steve é que é da terra do tio Sam. Muito simpáticos e curiosos, fizeram-me milhentas perguntas. Só faltou abrir os alforges e mostrar-lhes tudo o que tinham dentro. E então quando o Steve reparou nos pedais de encaixe, tive de fazer uma demonstração. Mas eram mesmo muito simpáticos, elogiaram Portugal (creio que mesmo sem saberem nada do país, disseram que achavam que era muito bonito, que amigos já lá tinham estado) e desejaram-me mil vezes boa sorte e boa viagem.
Pouco depois regressou o meu inimigo e companheiro de viagem: o senhor vento. Mas hoje não lhe darei atenção…Parei para almoçar num parque de campismo com uma localização magnífica, junto ao twin lakes, dois lagos de água esverdeada. Depois prossegui em busca da linha de horizonte que era deveras apelativa: o tal céu azul intenso, as nuvens por vezes translúcidas e as montanhas verdes. Ao aproximar-me do Fox Lake, o local escolhido para pernoitar, ainda parei num viewpoint alusivo ao brutal incêndio que devastou centenas de milhares de hectares, ardendo consecutivamente 59 dias. Ainda é desolador…

O litle fox late é um daqueles lagos dos postais: águas em vários tons de verde, pinheiros nórdicos espetados, frondosos e elegantes, pequenas ilhotas cuja linha de água é composta de musgo verde viçoso. Apetecia-me ficar já por ali mas o parque era mais adiante e certamente também seria aprazível.

E 110 kms depois de ter começado a jornada, lá estava o Fox Lake Camp ground. Escolhi o lugar 20 para acampar e montar a tenda, a 5 metros da água. Infelizmente acho que o tempo está a mudar, pois encobriu e arrefeceu bastante. Espero que não venha aí chuva…estava a correr tão bem e Whitehorse está a um pulo de …70 kms.

Dia 6 de Agosto Whitehorse again
A vista da minha janela é mais bonita do que a vossa, apesar da minha janela não ter cortinados, nem vidro duplo (nem simples), nem quadradinhos ou rectângulos. É para o lago e para a montanha. É para o céu e as para as nuvens. É para o silêncio e para os seixos redondos do fundo do lago. E, se torcer um puser a cabeça fora, é para a montanha e para a floresta. Foi assim o meu acordar, ás 6h da manhã.

Queria chegar cedo a Whitehorse, pois tenho muito que fazer: lavagem, limpeza e reparação geral da bicla, compras diversas (óculos, capacete, ciclómetro – o velho está a pifar – comida, e outras coisas ainda em lista de espera…), mail, blog…
Praticamente pedalei sem parar para comer ou beber. Apenas uma foto ou outra, já não muito longe de Whitehorse e, para aí a 15 kms da cidade, pára uma auto-caravana 100 metros à minha frente. Nem queria acreditar! Era mesmo a Ester e o Beat, os suíços…terminam as férias amanhã e estão a chegar à cidade aquando a mim. Estávamos todos estupefactos e genuinamente contentes! Afinal fizemos quase duas semanas de férias ao mesmo ritmo, eu de bicla e eles de carro. Pernoitámos quase sempre nos mesmos sítios (ontem ficaram no Fox Lake CG, tal como eu) e, sem nunca combinar nada, entramos na cidade de “mãos dadas”. Há coincidências giras e não esquecerei esta…
E agora está-se a acabar a hora de internet a que tenho direito, pelo que vou editar este post. Se ainda cá conseguir passar mais logo, talvez ponha umas fotos e mais umas larachas. Se não, até Watson lake, daqui a cerca de 450 kms…parece que há umas hot springs antes da povoação muito boas, mesmo num parque de campismo…

19 comentários:

  1. Bem, ao princípio achei que a história do capacete esquecido na biblioteca fosse apenas uma desculpa para andares sem capacete (e de passagem adicionares mais um recorde à façanha: "De Inuvik à Tierra del Fuego em bicicleta e sem capacete"). Mas agora, pelo menos já tens uma justificação decente: a Karen distraiu-te na biblioteca e só não perdeste a cabeça porque tinhas o capacete.
    Se precisasses de mais razões, aí tens mais uma para usar capacete.
    Pelo que li até agora, a tua jornada tem sido uma espécie de passeio pelo parque, pelo que tens tido tempo para escrever. Continua assim e manda fotografias, sobretudo quando começarem os verdadeiros desafios :)
    Uma abraço do JD

    ResponderEliminar
  2. Idílio,

    fazes as delícias de certos e determinados lisboetas entregues à rotina dos dias. Bem te dizia eu que os espíritos viajantes se encontram, qual coincidências qual quê... :)

    beijinho e godspeed. Susana

    ResponderEliminar
  3. Caro amigo,
    Com esse espírito "antes quebrar que torcer" vais chegar onde quiseres. Os teus relatos são inspiradores e desafiantes para quem, como eu, cumpre a rotinazinha diária.
    Um grande abraço,
    Luís M.

    ResponderEliminar
  4. Rapaz, parabéns pela narração, deste capítulo gostei imenso da tua descrição inicial do "inimigo" e em especial a introdução de dia 6. Continua e temos livro certo daqui a uns meses :). Estou a ver que o "doloroso" já se anda a queixar...carrega, carrega na pomada Idílio.

    ResponderEliminar
  5. Idílio, nos caminhos de Macchu Picchu percebia que nós eramos 2 e a alemã era só uma, agora estás à vontade

    abraços, saudades

    ResponderEliminar
  6. Com as tuas descrições conseguimos, praticamente, sentir esse caminho fantástico... mas com menos dores eheheh
    Continua amigo!
    Grande abraço,
    Mário

    ResponderEliminar
  7. Idílio, então tu encontraste um primo do Winnie the Pooh e não lhe fizeste uma festinha?!...que raio de aventureiro me saíste..
    Enjoy the hot springs!

    ResponderEliminar
  8. (Agência Royters)
    Greenpeace denuncia Idílio Freire

    A Greenpeace acusou hoje Idílio Freire, o português que está a fazer a viagem Ártico-Antártico de bicicleta, de atentar contra a preservação dos ursos nos parques naturais do Noroeste do Canadá.

    Segundo a associação ecologista, a protecção desta espécie ameaçada é uma tarefa árdua, e episódios como o que o que o português relata no seu próprio blog são suficientes para fazer cair por terra anos de trabalho em prol da preservação da espécie. Para um urso, principalmente para um urso novo, ainda em fase de crescimento, o contacto com humanos deve ser uma experiência preparada com o máximo cuidado, e quando essa experiência se traduz no avistamento de alguém com o assustador aspecto de Idílio Freire, as sequelas deixadas na cria podem-se revelar irreversíveis.

    Fazendo o paralelismo, mas sem querer fazer uma acusação directa, o responsável da Greenpeace afirmou que também na Serra da Malcata o último avistamento de um lince ocorreu antes da passagem de Idílio Freire por aquele parque natural. Desde esse momento, nunca mais se voltou a encontrar um destes felinos em Portugal, fora de cativeiro.

    A Agência Royters tentou ouvir o urso em causa, mas este não se mostrou disponível para prestar declarações, presumivelmente devido ao estado de choque em que se encontra.

    ResponderEliminar
  9. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  10. Caro amigo,

    A tua janela é tão bonita, e o ar fresco, os cheiros e sons e silêncios.

    Deixa-me agradecer os teus relatos de viagem. Não deve ser propriamente entusiasmante debitar contra-relógio os apontamentos, seleccionar fotos de entre mil e esgravatar memórias. Olhar constantemente para trás. Sei que se não levaste retrovisor para a bicicleta, por algum motivo terá sido.

    Agradeço a atenção e a partilha.

    Só posso responder em igual moeda, partilhando o que me fazes sentir.

    Tenho pensado no tempo. No teu tempo e no nosso tempo. No seu fluir e vivência. Penso que vives, consomes, cada minuto do dia. Ao contrário, o meu dia está cheio de buracos. Faltam-lhe minutos que pura e simplesmente desapareceram. Devo ter-me esquecido de onde os pus.

    Tenho pensado no teu e no meu tempo, porque a minha mente ainda cronometra os dois. Porque penso em ti diariamente, ou porque estou com o David e ele também pensa, ou não, só porque sim, imaginando-te a pedalar, partindo de costas.

    E também por isso sinto o teu tempo mais contínuo e leal. O que quer que eu faça durante o dia, não importa a que hora for, tenho-te a pedalar, de frente para a estrada por estrear. Estás sempre presente e, o mais certo, a fazer a mesma coisa.

    O teu tempo é geográfico, o meu cronológico. Eu rego-me pelo calendário, tu por altos e baixos, por chuva e vento, por vales e montanhas.

    Neste fio cronológico linear, que é o nosso, os dias e os meses têm números. No teu fio, serpenteante, o tempo tem nomes: lagos, urso, verde, whatever. Também aqui agradeço que faças por manter a ponte entre ambos, numerando os teus dias. Por mim, não é preciso e espero que um dia te esqueças que dia é e que vivas apenas o teu tempo.

    O teu tempo varia. Sol, chuva, vento, frio, menos frio, nuvens… O nosso tempo apenas varia entre a mínima de 22º e a máxima de 38º, há semanas.

    *
    * *

    Mas a minha janela também é bonita. A Ana adormece, dorme e acorda a sorrir e no quarto ao lado tenho o David. Tenho-me a mim e a ti.

    ResponderEliminar
  11. seguidores muito atentos e zeladores de Paris!! abracos de antonio e ines

    ResponderEliminar
  12. Boas Idílio, pelo teu perfil já vi que gostas de experimentar coisas e essa tua aventura promete. Apareceu-me por aqui hoje uma frase no face que estava mesmo por cima da tua noticia na Bike Mag e que se aplica mesmo a ti: ‎"A única pessoa livre, realmente livre, é aquela que não se importa com o que os outros pensam dela." Ora o que te quero dizer é que realmente, realmente não tenho a tua coragem, mas olha que era o que me apetecia. Eu vou-me ficando por umas idas a Fátima e a Santiago. Muita força e no minímo não gastes tudo aqui no blog para fazeres um livro da coisa, viagens como essa dão sempre um milhão de histórias. Um abraço e boas pedaladas e que São Cristovão te acompanhe. Jorge Pinto.

    ResponderEliminar
  13. Caro Idílio,
    Obrigado por partilhares essa extraordinária experiência com o mundo.Sou e serei um atento leitor do teu dia a dia, a quem desejo um final feliz.Um grande abraço, Alberto Pina.

    ResponderEliminar
  14. descobri esta viagem já nem sei onde...tenho adorado acompanhar as aventuras e a narrativa!

    boas pedaladas!
    um dia destes começo eu uma viagem dessas :)

    ResponderEliminar
  15. Bom dia caro Ilidio.
    Tenho acompanhado toda a a descrição da tua viagem e fica uma sensação indescritivel de aventura. Excelente!
    Que esta máxima seja tua tambem "Alcança quem não cansa".
    Aquele abraço.

    ResponderEliminar
  16. hey idilio, andava aqui com dificuldades a conseguir mandar te um comentario, mas como a sisi disse nos iriamos aparecer.
    os teus dias pelo que relatas são incriveis, e altas experiencias que tas a passar o que adorei foi REPLENTE PARA URSOS essa ta excelente.

    boa sorte e beijos grandes leonor e familia

    ResponderEliminar
  17. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  18. e assim amigo.continua a pedalar que eu estou torcendo por ti.que faças muitas amizades pelo mundo inteiro e que Deus te acompanhe.David Sousa-Sao Miguel-Açores

    ResponderEliminar
  19. Idílio, as tuas crónicas têm sido tão vivamente recomendadas pela minha comadre, que assim que regressei de férias, vim espreitar o blog.
    A Sissi tinha razão. As crónicas e as fotos estão espectaculares e espero conseguir lê-las com mais calma.
    Boa sorte e que continues a pedalar em bem. Beijinhos, Luisa (mãe do Fred)

    ResponderEliminar