Califórnia (e Oregon) Trail - não se fotografa nem se descreve...vive-se e pode tentar imaginar-se...
Oregon Trail - Massacre Rocks
Califórnia Trail
O olhar amarelece, tingido pelos tons ocre de toda a terra que existe. As plantas, rasteiras e mirradas, agonizam e vergam-se ao sopro furioso do vento quente e seco. As rochas deslavadas, há muito que viram ser-lhes arrancadas as últimas partículas de terra e, com elas, a esperança da vida. Os corvos parecem estátuas fúnebres, emitindo monossílabos de tempos a tempos, por poupança ou perda de memória. Raramente uma águia emerge da terra, e quando o faz, eleva-se lentamente em círculo pequenos, enquanto solta um piar que mais parece um gemido de desalento e resignado. De um lado e do outro desta morte, velam montes de média estatura e múltiplas formas: ora esfarrapados e despenteados, como cristas de galo disformes pelas lutas de capoeira; ora lisos como a água do mar na linha do horizonte. Bois sedentos, famintos e cegos arrastam carroças rudimentares, esmagadas no peso de grandes sonhos e míseros haveres, rasgando a estrada aos solavancos por entre gemidos silenciados no medo e na incerteza. A última côdea de pão negro, ficou no esforço de transpor uma qualquer derradeira colina – que o não foi. A farinha ardeu com o calor, e as cinzas subiram aos céus, por um qualquer anti-milgare, para gáudio de deuses distraídos. O único fio de água que ainda não se afundou nas profundezas da terra, arrastando-se pelo leito do Humboldt, é espesso, pastoso, malcheiroso, refúgio de larvas e peçonha.
Os pés, há muitos sóis que acariciam directamente o solo agreste. Os corpos secos e cobertos de pó, oscilam como espigas de trigo no momento da sega, antes de tombarem enfeixados no campo.
Os nativos – a que chamaram índios e travestiram de demónios – observam incrédulos, do seu altar em silêncio. Clamam aos antepassados e vindouros sapiência e entendimento para a tragédia que os seus olhos vêem mas o saber não alcança. Olham atemorizados o movimento da terra e dos homens que mais parecem demónios transportando a morte consigo.
A Califórnia prometida está apenas à distância de uma vida – de cada uma única vida…
As flechas de papel esbarram nas balas de desespero. Os gritos explodem em choros. O tropel dos cavalos desencadeia avalanches de rochas e terra que esmagam os pés há muito descalços. A criança que corre, espalha o fogo do seu cabelo ruivo. O vale em chamas e fumo repousa finalmente em paz. À espera da próxima vida que há-de ir mais e mais além, até passar a última colina, estender o olhar e deixar as lágrimas irrigarem o campo outrora morto.
Sem título...
O gemido triste do comboio, silencia o uivo do último lobo da pradaria e acorda-me de mansinho…
Á medida que avanço para sul, para a fronteira do Nevada, sinto na carne e na alma a paisagem a mudar…as vastas planícies são cada vez mais áridas e secas. O Snak River parece ser o milagre da vida para toda a região. É dele que brota, em quantidades aparentemente ilimitadas, a água que corre pelas inumeráveis artérias deste solo sequioso. Os canais de irrigação sucedem-se, e todas as culturas que vejo em redor, do milho às batatas, do feijão à forragem, tudo parece depender do rio. O cheiro e os mosquitos não deixam dúvidas sobre a ruralidade da zona.
Porquê?
Depois de Twin Falls, em direcção ao sul, rapidamente fica para trás o último tom de verde, a última parcela cultivada, a última casa ou aldeia. Apenas a estrada prossegue serena e indiferente à paisagem silenciosa. Rogerson, apesar de suja, decadente, pobre, parece-me um oásis no deserto. O “parque de campismo” rivaliza com os piores que conheço.
Depois de montar a tenda, e não querendo acreditar que os duches e casa de banho eram mesmo os que os meus olhos viam, decidi ir de novo à recepção confirmar. A boa notícia é que estava a decorrer o Rodeo ali mesmo na aldeia. Fui até lá, mas apenas cheguei a tempo do bar-b-q, que estava a começar. Existia uma lista de preços afixados e perguntei se me podia juntar. Com sorrisos e palavras simpáticas que não percebi à primeira, disseram-me que era bem-vindo, grátis e bastava ir para a fila. Contribui com 5$ e aderi à ementa, composta por feijões guisados, maçarocas de milho amarelo cozido, batata assada com a pele e grandes nacos de carne de vaca assados na grelha e fatiados na hora… Depois de repetir três vezes, achei que já toda a gente olhava para mim e fui-me embora. Completei o jantar no campismo, com uma sandes dupla e um litro de leite…
Rodeo em Rogerson
Tomava o pequeno-almoço pelas oito horas, já sob um sol atrevido, quando aparece o Bill com um bolo parecido a um grande queque e mo oferece. Claro que aceitei logo, apesar de ter um exactamente igual em cima da mesa… Na verdade o que ele pretendia era meter conversa e saber o que andava por ali a fazer um barbudo de bicicleta… Mostrei-lhe no mapa por onde tinha andado e qual a rota que iria seguir e concluiu que já conhecia mais dos EU do que ele.
Não tinha percorrido ainda 20 kms quando passa por mim uma caravana, que para logo à frente. Era o vizinho do bolo! Saiu do carro com um mapa que mais parecia uma enciclopédia e disse-me: estive a pensar na rota que vais seguir e a estudar o mapa e parece-me haver uma alternativa melhor para ti… Sugeria-me que seguisse a “lonliest road” – a estrada mais solitária da América… Não se cansava de dizer “It’s a cinic road, but should be Your road”. Resisti à tentação… admito que os sucessivos “pass” acima dos 7 000 – e mesmo 8 000 – pés, as distâncias de mais de 100 kms sem qualquer povoação, campismo ou “rest area”, o calor e o vento contra que me acompanharam nos últimos dias, foram superiores à vontade de trilhar a também conhecida por “Pony Express Road”.
Jackpot fica imediatamente na fronteira do Nevada. Quando vi o nome pela primeira vez, ainda em Lisboa, no Google, duvidei que o não fosse apenas uma coincidência de palavras. Mas não, são 1271 habitantes e seis casinos…o mais famoso dos quais é um autêntico arranha-céus no meio de nada.
Prossegui sob o sol cada vez mais intenso na paisagem árida, agressiva, morta. Deixou de haver ranchos, culturas, pessoas ou animais. A estrada é uma recta interminável e só as pequenas colinas que transpõe lhe quebram um pouco a monotonia. O vento oscila de intensidade mas não de direcção: sopra de sul. Sinto que será um dia duro, pois até Wells, mais de 100 kms depois de Jackpot, apenas posso contar comigo. Começo a racionar a água, especialmente para o caso de não conseguir chegar a Wells e necessitar de acampar e cozinhar…A mesa para o almoço foram os alforges da bicicleta, encostada nos resguardos da estrada.
Entrando no Nevada
A cerca de 65 kms da cidade estava uma caravana parada na berma da estrada, e não hesito: peço-lhes para atestar a garrafa de 1,5 litros.
Com alguma dose de persistência e insistência, cheguei a Wells, uma vila triste nascida do cruzamento de estradas e perdida num indiferenciado, inóspito e agreste vale.
Wells...longe
As povoações vão mudando de nome: Elko, Carlin, Batle Mountain, Lovelock… as milhas na estrada vão diminuindo pouco a pouco. O Snake River há muito deu lugar ao Humboldt. Os dias vão decorrendo iguais. Pareço pedalar dentro de um enorme vulcão, aproximo-me da parede, transponho-a e, quando estou no topo, lanço o olhar e desço para novo vulcão e assim sucessivamente…a linha do horizonte é sempre uma cordilheira castanha; o céu é sempre azul; a estrada negra, recta e infinita, esvai-se no solo plano de tons amarelo-torrado; o sol aumenta de intensidade e atinge o pico quando começa a inclinar-se sobre o mar longínquo. A berma da estrada, do tamanho de uma faixa de rodagem, é toda minha e da Demspter. O tráfego é intenso e ruidoso, especialmente camiões com vários atrelados, mais parecendo comboios.
Carlin Canyon
Entretanto...
Em Winnemucca respira-se outro ar…talvez por o Butch Cassidy aqui ter deixado a alma e levado o dinheiro do banco; talvez pela diversidade urbana, com vários edifícios de traça antiga, paredes de tijolo, telhados de telha vermelha, varandas coloridas; ou talvez apenas sugestionado pela placa alusiva à “route 66” ou à presença basca. A verdade é que foi a primeira povoação do Nevada de que gostei, onde me senti bem, em que senti prazer ao passear pelas ruas, entrar no interior sombrio, e ao mesmo tempo luminoso, dos “casinos”, beber uma cerveja e conversar com o vizinho do lado.
Winnemucca
O estômago e as pernas murmuravam que ia sendo tempo de almoçar, quando surgiu a indicação para Rye Patch Dam, um parque de recreio e campismo nas margens do Humboldt river. Achei que ao fim de tantos dias passados na sua vizinhança, devia-lhe senti-lo de perto, talvez mesmo mergulhar nas suas águas…o local é aprazível e a sombra das árvores tornam-no quase paradisíaco sob os raios do sol abrasador. Uma garça branca com as calças bem arregaçadas, passeia-se, pé-ante-pé, na linha de água. Depois de almoçar, dedico alguns minutos a estudar o mapa – não tanto para hoje, pois conto chegar em breve a Sparks, mas para os dias seguintes – e adormeço com a cabeça em cima de uma qualquer cidade americana… e assim deixei, sem me despedir, o meu mapa Michelin dos EU…
“Forty mile desert” não precisava existir – pelo menos não aqui nem agora… que raio é necessário ainda provar!? Separar os “nus dos mortos”…
Forty mile desert
Forty mile desert
Forty mile desert
Sparks e Reno, com os seus cerca de 270 000 habitantes, formam o primeiro grande aglomerado urbano com que verdadeiramente de deparo.
O dia entardece e na cidade não há parque de campismo. Os motéis e hotéis baratos estão todos esgotados pelo exército de 30 000 motards que se passeiam em ensurdecedoras Harleys. Olho Greg LeMond, tricampeão do Tour, de baixo para cima e observo um verdadeiro gigante de bronze…o de amarelo repousa seguramente numa rua distinta, a dois passos, na sua Reno natal.
Oh pra elas...tantas!
Decido procurar rapidamente as margens do rio em busca de um recanto pacato onde possa montar a tenda. E locais não faltam…existe uma ciclovia ao longo do rio e, de quando em vez, relvados aprazíveis que fariam inveja a alguns parque de campismo. Elegi um local discreto, com uma mesa de cimento mesmo ao lado, onde já me via a jantar, e espetava as primeiras estacas quando, do outro lado da pequena barreira de árvores, pára um carro. Sai um tipo, cruza o curto espaço e antecipo-me perguntando-lhe se posso acampar ali. Responde-me que não, que é proibido acampar em toda a mancha florestal da cidade…já era lusco-fusco e olho para ele com ar desanimado, interrogando-o, primeiro com o olhar e depois, meio afirmação, meio interrogação, digo: e agora o que hei-de fazer…? Onde é que são os limites da cidade? Onde é que poderei acampar? O tipo hesitou e lá me disse: procure mesmo junto ao rio… descendo a margem, pode ser que encontre um local mais escondido e, se quiser, arrisque acampar. Mas já sabe, se a policia aparecer, está sujeito a uma multa e problemas… Segui a sugestão e, com os pés meio na água e a cabeça nuns arbustos espinhosos, lá arranjei os cinco metros quadrados para montar o estaminé, já a lua ia cheia e alta…
…O que me intriga é como raio, à noite, numa zona periférica da cidade, longe de pessoas e casas, surge um “vigilante” (não era polícia), nem cinco minutos depois de eu ter parado e começado a erguer a tenda… já há um bom par de semanas, em Salmon Lake, parei para almoçar num parque de campismo fechado ao público. Não havia vivalma por perto, afastei-me da entrada, e da estrada, duas centenas de metros, estava numa mesa bem resguardada e discreta e mal tinha feito a primeira sandes, aparece-me um polícia de carro a dizer que podia almoçar mas depois tinha de ir embora…
Depois do incidente do campismo, decidi deixar Nevada o mais rápido possível e seguir o caminho mais curto para a Califórnia. Trukeey seria a cidade de entrada no novo estado… Levantei-me com o sol e comecei a pedalar para Oeste. Reno ficou para trás e quando quis entrar na estrada 80, a mesma que me trouxe desde Wells, era proibido o acesso a bicicletas… Prossegui numa qualquer paralela até que…acabou. Tinha pedalado quase trinta kms. Custava-me a acreditar, mas a melhor solução era voltar a Reno e seguir para sul, pela 431, em direcção a Tahoe Lake. Para além de acrescentar algumas dezenas de quilómetros, anunciava o Mont Rose Sumit, com 8900 pés (mais de 2700 metros de altitude…). Mas férias são férias, quem pedala por gosto não cansa e um bom desafio nunca fez mal a um espírito teimoso… Trinta kms para oeste, outros trinta de regresso ao ponto de partida e finalmente a estrada 431 estende-se a meus pés, sempre a subir, sempre sob o sol tórrido do início da tarde, repleta de motards e automobilistas. Afinal, para alem da concentração de motas, Tahoe Lake é um destino turístico obrigatório e era fim-de-semana…Antes de deixar para trás a última casa, eis uma estação de serviço… porque não um último reforço para o corpo e a alma? E à porta de entrada dou de chofre com o Samuel L. Clemens, sentado com cara de ferro e bigode farfalhudo, concentrado nos últimos retoques do Huckleberry Finn…Acho que com a luz do sol intenso a toldar a visão e a concentração férrea (ou de bronze…) nem deu por mim… mas não faz mal, o prazer foi meu!
Mark Twain na estação de serviço!!
Terão sido 25 kms consecutivos a subir. Terão sido 1350 metros de desnível. Terão sido 2 horas e meia a pedalar. Terão passado centenas de Harleys e milhares de carros. Terão caído poucas gotas de suor, pois a camisola vermelha, era metade branca ao fim do dia. Mas afinal subir é apenas uma descida elevada a -1!! ou não!? E o 1 não é o mero elemento neutro da multiplicação? Ao fim de dois meses a pedalar, venham mais cinco duma assentada!!
Um Sumit...
A parte norte do Lago Tahoe, pelo menos num sábado quente de Setembro, é o pior sítio para estar. Repleto de carros, motas, gente, barulho, shops… Entardecia rapidamente e precisava encontrar um parque de campismo para esticar os ossos. Kings beach era a única solução, mas os 25$ custaram-me a desembolsar…
Por ausência de alternativa, ponho a carregar os apetrechos electrónicos na casa de banho. Hoje não foi excepção e lá deixei o telemóvel enquanto jantava. Quando fui buscá-lo, tinha-se evaporado… Reflectia no absurdo de ir de tenda em tenda, caravana em caravana, olhar com ar acusador e perguntar quem raio tinha desviado o telemóvel, quando chega um alemão com o telemóvel na mão para o colocar de novo a carregar onde estava. Perguntou-me se era meu e explicou-me que como andavam por ali uns miúdos “traquinas”, achou melhor levá-lo e ir de tenda em tenda à procura do dono. Mas também não lhe deve ter agradado a ideia e acabou por devolvê-lo ao ponto de partida…acabei na caravana dele, a beber tequilla com ele e a mulher…é piloto cargo da Lufthansa e, por entre os goles escaldantes do álcool, percorremos juntos vários países, especialmente africanos…
Lake Tahoe
À medida que pedalo para sul e viro costas aos principais aglomerados urbanos, o lago torna-se um local aprazível, cativante. Tem uma ciclovia com dezenas de quilómetros, que ora bordeja o lago, ora mergulha na floresta densa. À medida que a manhã avança e o frio matinal fraqueja, aumenta em flecha o número de praticantes com quem tenho de partilhar a ciclovia. São de todas as idades e sexos, de bicicleta, patins ou ténis.
Além do mais, hoje é um domingo especial, com várias provas de atletismo a decorrerem, incluindo a maratona…a vantagem é que eu próprio vou comendo e bebendo ao longo dos vários postos de abastecimento!
Sem comentários...
Emerald Bay
No extremo sul do lago, a estrada 50 tem mais trânsito do que a ponte 25 de Abril no dia 1 de Agosto…um carro patrulha manda-me parar e recomenda-me não prosseguir viagem, pelo menos hoje – Domingo. Diz-me que a estrada praticamente não tem bermas, é muito sinuosa, especialmente até Twin bridges, que o tráfego de regresso às cidades é muito intenso e que arrisco demasiado. Há um parque de campismo uma milha adiante e equaciono ficar lá, mas quando a proprietária e recepcionista me diz que são 35$, já depois dos 10% de desconto que o meu ar estupefacto lhe deve ter provocado, agradeço e viro costas, não sem antes ainda ouvir: “this is Lake Tahoe! What do you expect?”
A menos de 200 metros existe outro parque de campismo, mas desactivado…um local lindíssimo, junto a um ribeiro por onde escorrem águas verdes, sob pinheiros enormes formando clareiras luminosas nas sombras frescas. Nada diz explicitamente que é proibido acampar, mas todos os sinais o indiciam…encosto a bicicleta e espero que uma decisão desça de mansinho pelo tronco do mais forte pinheiro…não consigo esquecer o episódio em Sparks. Não receio propriamente a polícia, mas alguma multa pesada…e começo a sentir aquela sensação desconfortável e irracional de ser observado, controlado. Ou melhor, eu próprio começo a “controlar-me” e a condicionar os meus actos. No Canadá não teria hesitado um único segundo em pernoitar ali…
Como o pinheiro com quem falei continuava em silêncio, decidi eu. Não ia ficar ali, não ia pagar 35$, muito menos depois da última frase, que ainda me soa arrogantemente aos ouvidos. Iria voltar à estrada e retomar o meu rumo…
Fosse do stress ou da zanga, o certo é que a subida ao Echo Sumit, a 7382 pés, foi um puro contra-relógio. Quando vi a placa indicativa, nem queria acreditar! Mais a mais, estava junto a outra indicando o Pacific Creast Trail – uma rota mítica para bicicletas que percorre os EU de norte a sul pela “crista do pacífico” – que equacionei seguir quando “planeie” a viagem, mas de que desisti mal vi a altimetria…
Pacific Creast Trail...
Depois do Echo Sumit foi descer a sério e à séria…
Toda a zona é muito montanhosa e faz parte de uma reserva florestal: a Este, a Humboldt Toiyabe National Forest; a Norte, a Tahoe National Forest; e a Sul e Oeste, a El Dorado National Forest. A estrada é realmente estreita e sinuosa, ladeada por enormes paredes cavadas no granito e precipícios à distância de uma barreira metálica. Mas à medida que desce, são os frondosos e enormes pinheiros que delimitam cada curva da estrada e escondem o sol. A temperatura baixa rapidamente e o próximo campismo do mapa fica a dezenas de quilómetros…
Uma curva da estrada dá de chofre com Strowberry – um nome que não está no mapa. Uma ou duas casas e o Lodge à esquerda e uma grocerie á direita. Opto pelo segundo e pergunto ao rapaz jovem e louro se não há por perto um local onde possa acampar. Para minha surpresa, diz-me que há um parque de campismo a meia milha, logo após o Lodge. Nem queria acreditar… a sorte definitivamente gostava tanto de andar de bicicleta quanto eu. E mais! O Loves Leap – assim se chama o parque – está mesmo estendido ao longo do Pony Express Trail, na sombra de uma falésia de largas dezenas de metros de onde vão descendo diversos escaladores de cordas e arnês à cinta…
Lovers Leap CG
a semana começa agora, obrigado Idílio. saudades
ResponderEliminarAlém de bom ciclista, escreves muito bem....este blog pode muito bem dar um livro.
ResponderEliminarSe não fosse o securitismo americano,seria magistral.Ao invés é perfeito,continuando como sempre a encantar.Com tantos a acompanhar,nem uma queixa sobre o Mount Rose...
ResponderEliminarUma preocupação apenas neste momento: Mexico Drug War.Mas depois de tantos kms e tantos apoiantes esse também se tornará num menor obstaculo.Mas já agora encontrei este site,com dicas interessantes,não fala da guerra e ela em 2009 já por ai andava certamente portanto não deve ser uma tão grande preocupação.
http://gingerninjas.com/tour/cycling-in-mexico/ (o guia "Roji" para cuscar as estradas secundárias mais pacatas poderá ser interessante)
Continuação do espirito livre e indomável,neste português arguto e conquistador.
diz o Remígio que o Idílio voltou a falar na Antena 1, alguém nos pode dar o link do programa?
ResponderEliminar(a propósito, abraços do SOS Cinema Europa, estivemos ontem reunidos e estavas presente)
Com felicidade li as tuas palavras de hoje. Confesso que este interregno de 10 dias me começava a preocupar, mas felizmente não havia problemas!
ResponderEliminarCada vez mais me capacito que esses americanos (habitantes dos EUA) são mesmo personagens estranhas, tanta liberdade e tanta proibição à mistura... mas eles lá devem saber!
O que me alegra mesmo é saber que continuas bem e inspirado pela tua amiga Natureza para nos presenteares com os teus maravilhosos relatos.
Continuaremos sempre contigo aqui por terras lusas, aguardando ansiosamente o próximo episódio! Beijocas!
Idílio,
ResponderEliminarmais um post magnífico, agora a lembrar-nos como tanta da nossa referenciação é a da américa. Reno, Lake Tahoe, Emerald Lake...dás corpo a esse imaginário. E em crescendo. Na minha cabeça vai-se formando a banda sonora.
beijinho,
Susana
Caros amigos:
ResponderEliminarA questão não é: "este blog pode muito bem dar um livro."
A questão é: ESTE BLOG TEM DE SR UM LIVRO!
E eu que saiba que não vai ser assim!...
Um abraço
Idílio, já visualizo rodeos em bicicleta, com harleys pelo meio dos cowboys e obesos xerifes vigilantes, com paranóias securitárias. se encontrares o michael moore (improvável, numa bicicleta...), envia-lhe cumprimentos. Aqui pelo rectângulo, tenho a dizer-te que a tua oportuna licença sem vencimento te safou a um corte salarial em prol dos mercados internacionais. USA forever. beijos
ResponderEliminarum grande abraço do Francisco e da Madalena desde Bruxelas. temos muitas saudades tuas
ResponderEliminarboas pedaladas que o pai e o zé estão bêbados
ResponderEliminarAqui vai um grande abraço. Mantém esse espírito tenaz. Luís M.
ResponderEliminarufff, consegui finalmente actualizar o relato da tua aventura no meu imaginário. Demorei para aí uma semana a ler nas páginas impressas que se foram perdendo aqui e ali, ora sob o sol escaldante da praia, ora sob a protecção de uma esplanada coberta qualquer, esperando que a chuva se fosse embora. Li devagar para beber todos os detalhes com prazer embora a minha memória seja fraca e misture tudo numa miscelânea sem sentido ao fim de pouco tempo. As fotos ajudam a dar corpo à tua excelente prosa e até os devaneios poéticos fazem sentido para trasmitir o ambiente dessa odisseia solitária. Consulto o mapa e fico impressionado com o que já percorreste. Aprecio particularmente o encontro com animais selvagens, a excitação de 'perseguir' um urso grizzly parque afora ou o encontro solitário com um bisonte. A beleza da paisagem que tão bem sabes descrever deixou-me a salivar no Yellowstone mas o forty mile desert também parece ter potencialidade para me deixar sem respiração.
ResponderEliminarDepois de um mês a percorrer espanha e ter todos os dias o problema de decidir onde estender a tenda para dormir, tento imaginar o pincel que seria se estivesse de bicla e não de carro, não poder percorrer mais 300kms auto-estrada afora só porque não gostei de um determinado parque de campismo.
Mais uma vez obrigado pela partilha. Para além de um livro já vejo um filme a passar na tela... ;-)
Olá Idílio,
ResponderEliminarSó dia 4 Outubro soube da tua façanha. Tenho vergonha de dizer mas, o única coisa que sinto depois de ver o teu blog é inveja... Quem me dera fazer o mesmo! Sempre que posso dou um saltinho aqui para recuperar o que entretanto escreveste desde a partida. Tento ao mesmo tempo acompanhar no Google Earth. Ah! E deixa-me que te diga, podes bem acrescentar outro ofício ao teu perfil... o de escritor! Certamente não ficará atrás de outros que lá puseste. A tua narrativa permite-nos fazer a viagem contigo, mas sem pedalar.
Desejo-te sorte para o resto da viagem. Embora seja daqueles que sabe que com o “passaporte” que levas as coisas são bem mais fáceis do que parecem. Pois basta sacá-lo e tudo cai a teus pés! Ainda assim, não te tira nenhum mérito nessa aventura...
Na passagem pela Califórnia, se previres passar perto de Tulare ou Santa Bárbara, e precisares de alguma coisa, tenho lá familiares que te poderão ajudar. Caso isso seja necessário usa o meu email do INE para me contactar.
Força!
Abraço,
João Valente (SREA)
Continua a dar-lhe Idilio, aqui a malta sua contigo ... a beber umas bejekas, umas quando regressares ainda sobra alguma coisa para ti.
ResponderEliminarUm grande abraço
Fantástico!!! Um rodopiar de paisagens, de cenários que nos transportam para um imaginário americano: a música, mas também o cinema e contigo a pedalar.
ResponderEliminarForça!!!
Beijos
Cristas
Faz hoje 2 semanas desde as ultimas noticias do nosso caro idilio.
ResponderEliminarCaro se puder passe por aqui e deixe um comentário para sossegar os seus ávidos leitores e amigos.
E mesmo que as suas últimas pedaladas não o tenham encantado decerto que a sua narrativa a colorirá.
Abraço e continuação de boa viagem.