quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Peru II - De Leimebamba a Cajamarca

Peru II - De Leimebamba a Cajamarca

Choveu toda a noite e a manhã não trouxe sinais de melhoria. De impermeável, calças e uns botins de neopren, que se anunciam à prova de água e vento, mas na realidade apenas retardam um pouco a chegada da água aos pés e mantém um pouco mais o calor, deixei o povoado pela estrada de terra, enlameada e a subir, a caminho do alto de calla calla. Seriam cerca de 30 quilómetros de subida contínua, até dobrar os 3680 metros. A chuva na era muito intensa, e as dezenas de miúdos que desciam a estrada para a escola, pareciam ignorá-la por completo. Creio que apenas vi dois de guarda-chuva e mais um par de miúdos que partilhavam o mesmo casaco, num exercício curioso: os braços interiores ao longo do corpo e os exteriores enfiados nas mangas, como se fossem siameses… Caminhavam devagar, sós ou em grupos e, invariavelmente, davam os bons dias, detendo-se muitas vezes para nos seguir com o olhar.
O declive não é muito intenso e, não fora a chuva – que desistiu a meio da subida – e o piso pesado, teria sido uma jornada bem agradável, pela orla das encostas verdejantes, onde não faltam vacas pachorrentas pastando e ribeiros ribombando.

Subindo a Calla Calla

Depois de um almoço frugal no cume de Calla calla, onde não faltaram as inseparáveis bananas, duas mangas deliciosas e um pouco de doce de morango, que tornou comestíveis as quatro empanadas de galinha, secas como palha carbonizada, lançamo-nos às nuvens e ao nevoeiro. Infelizmente, do lado ocidental do cume, a visibilidade era praticamente nula, avistando-se pontualmente cumes que perfuravam as nuvens e nesgas de profundos vales de verdes luxuriantes. Há mesmo um miradouro anunciado, que deve proporcionar vistas deslumbrantes… tivemos de nos ficar pela imaginação!
Os 60 quilómetros desde o alto de calla calla até Balsas, na margem do rio Marañón, são de contínua descida. Umas vezes suave, outras alucinante; umas vezes no meio das nuvens e da neblina, outras com as rodas bem assentes na terra, ora avermelhada, ora esbranquiçada, ora negra, invariavelmente molhada ou mesmo enlameada; umas vezes cruzando pontes arcaicas de madeira, outras sentindo nos pés a água fria dos pequenos ribeiros que passamos a vau; umas vezes debaixo de chuva, outras procurando fugir-lhe; umas vezes com o olhar prisioneiro da estrada, outras prisioneiro das ravinas sem fundo, à distância de um passo (uma roda) em falso, outras, ainda, da louca cadeia montanhosa, que tanto perpassa o céu, como se lança no vazio sem fundo; sentindo sempre a vertigem da estrada, das rectas rápidas e curtas, das curvas sucessivas que se projectam no espaço.

A descida de Calla Calla a Balsas, oferece tudo o que um aventureiro de bicicleta pode desejar… adrenalina constante, paisagens deslumbrantes, surpresas em cada curva, cada momento







Naquela floresta infinita de cumes montanhosos, uma qualquer curva da estrada presenteia o olhar com uma cordilheira completamente diferente: as formas suaves e a cor verdejante das montanhas, desaparece por completo, surgindo uma cordilheira inóspita, de rocha cinzenta metálica, arestas vivas e picos agrestes. No sopé avista-se uma grossa faixa de água – é o caudaloso rio Marañón.
Perscrutando a montanha para lá do rio, avista-se uma linha ziguezagueante, subindo até desaparecer nas nuvens. Ainda não terminou o dia, ainda não digeri 30 quilómetros de subida contínua e 60 de descida alucinante, ainda não vislumbrei o local onde descansarei umas horas e já me entra pelos olhos e alma adentro o dia seguinte – este carrossel infernal, que tem tanto de fascinante quanto de diabólico; tanto de atracção quanto de repulsivo; tanto de apaixonante quanto de odioso. Mas que não permite um minuto que seja de neutralidade, de indiferença, de vazio. Explode permanentemente no corpo e na alma, catapultando-me sempre para diante, cansando-me tanto ou mais as emoções que o esforço físico…

E o rio Marañon traz diferentes paisagens… só a adrenalina e o êxtase se mantêm inalteráveis até Balsas




Balsas é uma rua na margem do Marañón. E na rua que é Balsas, estavam montadas duas redes de voleibol, onde miúdos e graúdos disputavam os pontos com grande alarido. No espaço que medeia os dois “campos” ainda havia espaço para uma partida de futebol entre catraios, pois os maiores jogavam no campo que fica no fim da aldeia, a uns trezentos metros do início…
O único alojamento existente é a hospedaje las palmeras, pelo que a escolha não podia ser mais fácil. Quando perguntamos se há duche, um aceno de cabeça foi a resposta. Parece que houve um “derrumbe” à tarde, provocado pelas fortes chuvas dos últimos dias, tendo levado consigo as redes de água e electricidade… Mas com o poderoso rio à ilharga, a água não faltava. Castanha, da cor da terra que arrasta, lá se arranjaram dois balditos para o duche rápido, na pequena casa de banho às escuras. O jantar, por encomenda, foi comido à luz da vela, não se vendo bem a cor nem o conteúdo. Mas o chá do pequeno-almoço não oferecia dúvidas: a água das canecas parecia já conter a infusão, apesar das saquetas ainda estarem intactas no pires…
A equipa de jovens técnicos, hospedada há quase uma semana na hospedaje, vai regressar a Lima sem realizar o trabalho para o estudo de impacte ambiental da central hidroeléctrica que está planeada a jusante. Iam descer o Marañón em rafts, até ao local de construção da barragem, para recolherem amostras e informação da fauna e flora, mas foram surpreendidos pelo enorme caudal do rio, provocado pelas chuvas recentes. O Daniel, jovem engenheiro florestal, parece debater-se com um problema insolúvel: que valor monetário atribuir às espécies endémicas, exclusivas desta região, que se extinguirão pura e simplesmente com a construção da barragem… o dilema entre o progresso económico e a preservação ambiental, mais uma vez parece insuperável…
Na hospedaje, várias pessoas mostravam-se incrédulas quando dizíamos que íamos para Celendín de bicicleta. Parecia intransponível a cordilheira que tínhamos pela frente...ao que parece, seriam 40 quilómetros de subida ao inferno, em constantes zig-zags, transpondo vários patamares, sem que se visse ou adivinhasse o fim.

Balsas fica para trás. Para a frente fica o céu…



Transposta a ponte sobre o Marañón, e percorridas escassas centenas de metros paralelos ao rio, a estrada começa de imediato a subir. A paisagem é árida, com cactos e arbustos desfolhados, de espetos com ar ressequido dispersos pelas encostas agrestes. A estrada estende-se pela encosta fora, desaparecendo numa curva fechada. Ao longe, o olhar abarca uma espécie de anfiteatro semicircular, tocando as nuvens, com duas ténues linhas oblíquas sulcando a “parede” formada pela montanha – são as marcas difusas da estrada distante… mais ao perto, sucedem-se os Ss, as curvas de 180º, as subidas ao patamar seguinte; para trás vai ficando o vale onde corre o Marañón e vai emergindo, do outro lado do rio, o caminho ontem percorrido. Por vezes imagino um espelho, ou as duas faces de uma mesma moeda: a vertigem da descida de ontem inverte-se e estende-se agora aos meus pés, mas a subir. À medida que subo, vai crescendo a panorâmica do vale e das duas encostas simétricas. Olho aquela dimensão inapropriável, olho aquela grandeza incomensurável, olho aquela vastidão desmedida, olho para esta pequena molécula perdida no espaço e desato-me a rir, sem razão definida. Talvez esteja louco, talvez seja da altitude, talvez precise de rir para libertar a emoção ou o medo, ou talvez esteja mesmo extasiado por me encontrar aqui e agora, tocando o infinito, suspendendo o tempo, transpondo o abismo.

No topo do mundo

Também há cor…


É diminuta a presença humana ao longo do caminho, mas quando a montanha abre um pouco a sua carapaça inóspita, surgem algumas casas dispersas. Numa delas, vários jovens empoleirados em árvores colhem guábas para vender. Pergunto-lhes se me vendem uma ou duas e uma moça toda despachada diz, do cimo da árvore, que sim. Ordena a um miúdo que me dê várias e que escolha as melhores. Estende-me umas quatro vagens grandes e recusa persistentemente os três soles que lhe quero dar. A moça insiste para não aceitar, que é “regalo”. E eu insisto que também os soles são “regalo”. Depois de um longo braço-de-ferro, lá aceita as moedas e vai escolher mais guábas para me dar, que partilho com o Luís, entretanto chegado.

Guábas…

Uns quilómetros adiante, uma das escassas casas que avisto, tinha uma ardósia à porta com a parca ementa: borrego guisado e porco frito. Está calor, as energias precisam de ser reforçadas, pois a jornada está a menos de metade, e aproveitamos o que há.
Mais umas curvas transpostas e desponta uma nova encosta, envolta nas nuvens, a vedar o caminho. Definitivamente não sairemos daqui sem transpor as nuvens… Na encosta vêm-se, bem definidos, cinco patamares de estrada em zig-zag. O último desaparece literalmente nas nuvens altas. A progressão é lenta, mas um par de horas mais tarde somos nós que desaparecemos no meio das nuvens, que jogam um estranho jogo de luz e sombra, ora deixando o sol inundar de luz o planalto aos nossos pés, onde não falta meio arco-íris, ora cerrando completamente a cortina branca, reduzindo a visibilidade a escassos metros.

Superando as montanhas, tocando as nuvens, bebendo o nevoeiro, espreitando o arco-íris…







Quando julgava que estava transposta a última barreira, eis que surge do meio do nevoeiro nova inflexão da estrada, continuando a apontar aos céus. O dia ia longo e não desejava, de todo, mais um cume para transpor, até porque as nuvens ameaçavam derreter a qualquer momento, mas as regras do jogo são estas e há que estar sempre disponível para as surpresas! Além do mais, esta última etapa rumo aos céus, ainda tinha dois belíssimos momentos para oferecer...

Há tempos para além do tempo…



Do meio da bruma, emergiram três vultos caminhando na berma da estrada. À medida que me aproximava, foram-se definindo as formas de uma mulher, um miúdo e um cão e quando já estava bem perto, percebi que a mulher, de chapéu alto na cabeça, xaile pelas costas e cachecol ao pescoço, empunhava um velo de lã numa mão e o fuso na outra, fiando lã enquanto caminhava. Tímida, com um ar terno no olhar e sorriso simpático, deixou-se fotografar no seu labor.

Com humor e boa disposição, mesmo nos momentos mais duros

Poucos quilómetros adiante, jazia na berma da estrada um camião com um ar absolutamente moribundo, que me tinha ultrapassado há uma boa hora. Condutor e passageiros olhavam com ar desalentado para o monte de lata e ferrugem, mas recuperaram a alegria e boa disposição ao avistarem dois ciclistas loucos, mantendo animada conversa connosco. A correia de distribuição tinha rebentado e o motor aquecia imenso, até à beira da fusão dos metais! Um jovem tinha ido buscar um bidão de água umas dezenas de metros adiante e esperavam chegar ao destino vertendo água directamente no radiador – ou coisa do género, pois de motores ainda sei menos do que de bicicletas. A boa notícia – para nós e para eles – é que a subida terminava daí a 500 metros e depois era só descer até Celendin.
No fim da subida, enquanto vestia o corta-vento, lá veio o camião, a passo de caracol, com um rapaz empoleirado em cima do motor, despejando água por um funil improvisado de uma garrafa de água. Ultrapassei-os pouco depois, sempre por entre acenos mútuos e votos de “suerte”.

Saneamento a cores…

De Celendin a Cajamarca a paisagem torna-se mais suave, os campos mais habitados, com grande quantidade de vacas e diversas estações de “arrefecimento” de leite, da Nestlé, ao longo do caminho. Os vestuários garridos e os chapéus altos – tipo cartola – generalizam-se na indumentária feminina; homens, mulheres e crianças recolhem lenha, que transportam, ajoujados, às costas, curvados quase a 90º; mulheres de todas as idades, de faces entre o rosado e o tisnado pelo rigor do clima, entremeiam a fiação e tecelagem com o pastoreio ou simplesmente enquanto se deslocam, a pé, pelas estradas sem fim, muitas vezes de rádio a tiracolo…

A estrada sempre leva e tráz…vidas, modos de vida, rostos, sorrisos e tristezas




Pedalávamos encosta arriba, deixando longe Celendin e aproximando-nos de Encañada, já depois do almoço numa aldeia sem nome, em dia de feira, num comedor sem ementa, numa sala sem luz, onde se arrimavam, tapando quase por completo uma parede, mais de 60 grades de cervejas grandes, onde o Luís provou o famoso cuy e eu uma truta estorricada na fritura, quando um simpático aldeão nos convidou a entrar na queijaria comunitária e provar o queijo. Dois jovens debruçavam-se sobre uma grande cuba metálica, mexendo o leite e preparando a coalhada. Ao lado “repousava” um monte de queijos, de três ou quatro quilos cada, que seriam vendidos para Lima, a 10 sois o quilo. Num prato improvisado, um grande de naco de queijo salgado, era-nos oferecido. Daí a pouco surgiu directamente no coadouro um naco de “quesadillo” – a coalhada fresca – para provarmos também. Fui buscar uns pãezinhos um bocado secos, que andavam há vários dias esquecidos nos alforges, e atafulhámo-nos até poder…
A meta de chegar a Cajamarca foi sendo arredada do horizonte pelo relevo e paragens etnográficas e gastronómicas que íamos fazendo. Além do mais, quando a estrada começou, finalmente, a descer para Encañada, o piso era péssimo e enlameado, e as nuvens, há muito ameaçadoras, deram largas à fúria, desatando num curto aguaceiro torrencial. O Luís ainda se safou do dilúvio, mas eu furei a meio do penúltimo degrau – sim, a estrada aqui é sempre em degraus, seja encosta acima, seja encosta abaixo, pois não existem estradas planas – e tive de mudar a câmara debaixo de água a jorros.

Pernoita e jantar em Encañada

Era suposto haver uma “hospedaje” em Encañada, mas afinal os donos estão em Cajamarca e a hospedagem está fechada. A povoação é pequena, enlameada, escura e não tem qualquer outro alojamento. Ainda nos disseram para ir à estação de serviço, mas o dono – que tem um enorme edifício, parece-me que em avançado estado de preparação para exactamente uma “hospedaje”, não se condoeu do nosso estado e necessidade. Parecia que a única alternativa era lançarmo-nos aos derradeiros 30 quilómetros – com uns dez de subida – para Cajamarca. Mas à saída de Enseñada, uma mulher preparava “petiscos” no fogareiro ambulante, para vender aos transeuntes – tipo barraca de couratos, mas em versão decadente. O Luís perguntou-lhe se não conhecia um local onde pudéssemos pernoitar e, hesitante, lá disse que sim, que poderia arranjar-nos um “quarto”. Era o que queríamos ouvir e nem hesitámos quando vimos a família a retirar duma arrecadação os sacos de cereais e outras bugigangas. Tinha chão cimentado, uma lâmpada no tecto, um telhado de zinco – com buracos, é certo, mas não parecia chover lá dentro – e quatro paredes. Tudo o que necessitávamos, portanto. E até havia “banhos” e duche – de água fria, claro…

7h30 da manhã, dia de eleições – o voto é obrigatório

De volta ao asfalto – já quase não me lembrava da cor… – rapidamente chegámos a Cajamarca. A capital do departamento, com quase 200 000 habitantes, e sem os prédios altos a que estamos habituados no ocidente, estende-se por uma vasta área plana, embora rodeada de montanhas. Como outros povoados mais pequenos, à distância sobressai a grande mancha de cor avermelhada, das paredes de tijolo e das telhas de barro.

Cajamarca, vista da silla del índio




Cajamarca, plaza de armas








Iguarias…outro figo pita!!

E caldo de cabeça de carneiro!!


A “plaza de armas”, com a sua fonte antiga – com origem no tempo do império inca – é o coração da cidade e a zona melhor preservada e mais agradável. As ruas próximas da “plaza”, têm uma intensa actividade comercial e milhares de pessoas em constante vai-e-vem. Hoje, dia da primeira volta das eleições presidências, as ruas têm um movimento louco, uma diversidade etnográfica, de trajes, usos e costumes, deslumbrante, num colorido irrepetível. A “plaza de armas” parece um desfile multicultural, multigeracional, pluri-social, numa fusão do passado ancestral e do presente moderno, onde não faltam os fotógrafos de Polaroid em punho, a fiadora de fuso na mão, fiando coloridos fios de lã, os aldeãos, de pequena estatura, trajes garridos, chapéus altos, de cor bege, na cabeça e dentes dourados ou prateados…
A minha única preocupação dos últimos tempos é a Dempster. E o meu principal objectivo em Cajamarca é conseguir repará-la convenientemente, de modo a que se porte nos próximos 13 000 quilómetros, como se portou nos anteriores 19 000… mas a tarefa não parece fácil. O primeiro contacto com uma (boa) loja de peças para bicicleta, não tinha o que necessito. Depois de uma pesquisa na net, descubro o “taller el rayo”, que tem duas moradas – o que me parece sinal de “grandeza”, que pode significar qualidade… Uma das moradas fica a dois quarteirões do “hostal los balcones de las gáveas”, onde estamos hospedados. Apesar de Domingo e dia de eleições, vou ver se está aberto. Mas a modesta porta está fechada – há que esperar pelo dia seguinte.
Pela manhã, lá vou ao el rayo da calle Ayacucho, mas é uma oficina paupérrima, sem qualquer tipo de peça. No entanto, depois de expor o meu problema – a Dempster estava no hostal – o idoso proprietário, e mecânico, disse-me que na “el rayo” da rua San Martin havia o que eu necessitava para uma bicicleta “moderna” como a minha. Telefonou para o Max, para saber se estava na oficina e avisando-o que eu iria para lá.
Apesar do espaço modesto, da escassez de “repuestos”, da juventude do Max – dono e técnico do “taller” – lá conseguiu reunir o conjunto de peças shimano a substituir, ainda que de uma gama fraquita: corrente, cassete, desviador, pedaleira (conjunto com crencos) e calços de travões. Tudo orçava em 604 pesos (pouco mais de 150 €). É verdade que e o desviador é o mais fraquinho da shimano e o Luís achava que nem sequer servia para bicicletas de 9 mudanças, mas ao fim do dia, depois de mudar também o cabo das mudanças, a Dempster estava funcional, com todas as mudanças a entrarem e saírem bem – espero que até ao Ushuaia!
Banhos del Inca é uma pequena povoação que dista meia dúzia de quilómetros de Cajamarca e que, como o nome indica, tem um complexo de banhos termais. Aliás, foi nesse local que Atahualpa, o último imperador Inca, se reuniu com Pizarro e foi de lá que o levaram, prisioneiro, para Cajamarca, onde foi preso, “julgado”, condenado e, mais tarde, morto – dizem os locais, que após ter pago a quantia de ouro estipulada por Pizarro para o libertarem…
As termas de Banhos del Inca é um espaço tranquilo, aprazível, com várias opções, desde sauna, massagens, piscinas, banhos (ou poços, como os designam) individuais, com água de várias temperaturas. No centro do complexo, um conjunto de “tanques” de água a 72º impressiona pelo calor que liberta, pelas nuvens de vapor com o típico odor do enxofre, pelo borbulhar, pelos tons ferrugentos e ocres do solo… enquanto o Max reparava a Dempster, eu “aquecia e arrefecia” nos Baños del Inca!

7 comentários:

  1. A recompensa:

    "Olho aquela dimensão inapropriável, olho aquela grandeza incomensurável, olho aquela vastidão desmedida, olho para esta pequena molécula perdida no espaço e desato-me a rir, sem razão definida. Talvez esteja louco, talvez seja da altitude, talvez precise de rir para libertar a emoção ou o medo, ou talvez esteja mesmo extasiado por me encontrar aqui e agora, tocando o infinito, suspendendo o tempo, transpondo o abismo."

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  2. Finalmente o merecido descanso do guerreiro depois de tanto esforço de luta na montanha. Fiquei maravilhado com a quantidade generosa de imagens do vosso carrocel, extasiado com os mergulhos vários nas nuvens, emocionado com a inspiração da tua escrita. O momento apontado acima pelo Trindade é dos melhores da tua saga até agora. 19000kms... um número absurdo para a minha compreensão. Boa continuação com mais saladas de fruta deliciosas e menos caldos de cabeça de carneiro duvidosos ;-)

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  3. Mais uma grande Jornada no cume do Mundo,... e fotos deslumbrantes.

    JMorgado

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  4. pelos vistos há burros e ... políticos por todo o lado, para além das fantásticas paisagens!
    Com esses caminhos (planos e bem alcatroados), os 13.000 Km (coisa pouca!) que faltam, é num "tirinho". Por cá vamos acompanhando também pela Antena 1 deste "granda maluco" que nos enche de orgulho, ou melhor, agora destes "granda malucos".
    Grd Abraço J Leal

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  5. Não consigo imaginar o que se sentirá frente a frente a esses Adamastores terrenos, mas louvo a vossa determinação incrível e a coragem (loucura?) de os encarar com riso em vez de desânimo. Por cá os desafios diários são bem mais insignificantes apesar das adversidades. Um grande abraço e "suerte", Luís M.

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  6. Recuperei agora a leitura das últmas quatro receitas de bacalhau de bicicleta! Ufa!
    Cansaço físico e paisagens maravilhosas! Contudo a fadiga vai-se embora e as paisagens ficam assim! Verdade Idílio?
    Gostaria que no próximo post falasses sobre os cheiros que vais encontrando :)

    Abraço

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